Os EUA no dia
11/09/2001 (11 de setembro), foram submetidos ao maior ataque terrorista de que
se tem notícia. Na época, o governo quis explicar com a justificativa de que os
terroristas não conseguiam aceitar o fato de os EUA serem a maior democracia do
mundo, local em que as liberdades são plenamente respeitadas. Considerando tal
informação governamental, o arcebispo de Boston, Bernard Law, escreveu ao
presidente a seguinte carta, amplamente divulgada em todo o mundo no ano de
2002. Leia com atenção, vale a pena.
quer dizer, vale reflexão e conhecimento.
Senhor presidente
Conte a verdade ao
povo, senhor presidente, sobre o terrorismo.
Se as ilusões acerca
do terrorismo não forem desfeitas, então a ameaça continuará até nos destruir
completamente. A verdade é que nenhuma das nossas muitas armas nucleares pode
proteger-nos dessas ameaças. Nenhum sistema ‘Guerra nas Estrelas’ (não importa quão
tecnicamente avançado seja, nem quantos trilhões de dólares sejam despejados
nele) poderá proteger-nos de uma arma nuclear trazida num barco, avião ou carro
alugado.[…]
A reação óbvia é:
‘Então o que podemos fazer? Não existe nada que possamos fazer para garantir a
segurança do nosso povo? Existe. Mas para entender isso, precisamos saber a
verdade sobre a ameaça’.
Senhor presidente, o
senhor não contou a verdade sobre o porquê de sermos alvo do terrorismo, quando
explicou porque bombardearíamos o Afeganistão e o Sudão.
O senhor disse que
somos alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade eos
direitos humanos no mundo…
Que absurdo, senhor
presidente!
Somos alvo dos
terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso
governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana.
Somos alvo dos
terroristas porque somos odiados. E somos
odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas.
Em quantos países
agentes do nosso governo depuseram líderes eleitos pelos seus povos,
substituindo-os por militares ditadores, marionetes desejosas de vender o seu
próprio povo a corporações americanas multinacionais? […]
Depois disso, será
difícil imaginar que existam pessoas no Irão que nos odeiem?
Fizemos isso no
Chile. Fizemos isso no Vietnã. Mais recentemente, tentamos fazê-lo no Iraque.
E, é claro, quantas
vezes fizemos isso na Nicarágua e outras repúblicas na América Latina?
De país em país o nosso governo obstruiu a democracia, sufocou a
liberdade e pisou os direitos humanos. É por isso que somos odiados ao redor do
mundo.
E é por isso que
somos alvo dos terroristas.
O povo do Canadá
desfruta da liberdade e dos direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da
Suécia.
O senhor já ouviu
falar de embaixadas canadenses, norueguesas ou suecas a serem bombardeadas?
Nós não somos odiados
porque praticamos a democracia, a liberdade e os direitos humanos.
Nós somos odiados
porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do terceiro
mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas corporações multinacionais.[…]
Esse ódio que semeamos
virou-se contra nós para nos assombrar na forma de terrorismo e, no futuro,
terrorismo nuclear. Uma vez dita a verdade sobre o porquê da ameaça existir e
ter sido entendida, a solução torna-se óbvia. […]
Em vez de continuar a
matar milhares de crianças iraquianas todos os dias, com as nossas sanções
econômicas, deveríamos ajudar os iraquianos a reconstruir suas estações
elétricas, as suas estações de tratamento de água, os seus hospitais e todas as
outras coisas que destruímos e que os impedimos de reconstruir com as nossas
sanções econômicas.
Em vez de treinar
terroristas e esquadrões da morte, deveríamos fechar a Escola das Américas. […]
Resumindo, deveríamos ser bons em vez de maus.
Quem iria tentar deter-nos?
Quem iria odiar-nos?
Quem iria querer nos
bombardear?
Essa é a verdade,
senhor presidente.
É isso que o povo
americano precisa de ouvir.”
-
Bernard Law, arcebispo de Boston.