domingo, 11 de setembro de 2011 | By: administrador

Carta ao Presidente


Os EUA no dia 11/09/2001 (11 de setembro), foram submetidos ao maior ataque terrorista de que se tem notícia. Na época, o governo quis explicar com a justificativa de que os terroristas não conseguiam aceitar o fato de os EUA serem a maior democracia do mundo, local em que as liberdades são plenamente respeitadas. Considerando tal informação governamental, o arcebispo de Boston, Bernard Law, escreveu ao presidente a seguinte carta, amplamente divulgada em todo o mundo no ano de 2002. Leia com atenção, vale a pena. quer dizer, vale reflexão e conhecimento.
Senhor presidente
Conte a verdade ao povo, senhor presidente, sobre o terrorismo.
Se as ilusões acerca do terrorismo não forem desfeitas, então a ameaça continuará até nos destruir completamente. A verdade é que nenhuma das nossas muitas armas nucleares pode proteger-nos dessas ameaças. Nenhum sistema ‘Guerra nas Estrelas’ (não importa quão tecnicamente avançado seja, nem quantos trilhões de dólares sejam despejados nele) poderá proteger-nos de uma arma nuclear trazida num barco, avião ou carro alugado.[…]
A reação óbvia é: ‘Então o que podemos fazer? Não existe nada que possamos fazer para garantir a segurança do nosso povo? Existe. Mas para entender isso, precisamos saber a verdade sobre a ameaça’.
Senhor presidente, o senhor não contou a verdade sobre o porquê de sermos alvo do terrorismo, quando explicou porque bombardearíamos o Afeganistão e o Sudão.
O senhor disse que somos alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade eos direitos humanos no mundo…
Que absurdo, senhor presidente!
Somos alvo dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana.
Somos alvo dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas.
Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes eleitos pelos seus povos, substituindo-os por militares ditadores, marionetes desejosas de vender o seu próprio povo a corporações americanas multinacionais? […]

Depois disso, será difícil imaginar que existam pessoas no Irão que nos odeiem?
Fizemos isso no Chile. Fizemos isso no Vietnã. Mais recentemente, tentamos fazê-lo no Iraque.
E, é claro, quantas vezes fizemos isso na Nicarágua e outras repúblicas na América Latina?
 De país em país o nosso governo obstruiu a democracia, sufocou a liberdade e pisou os direitos humanos. É por isso que somos odiados ao redor do mundo.
E é por isso que somos alvo dos terroristas.
O povo do Canadá desfruta da liberdade e dos direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia.
O senhor já ouviu falar de embaixadas canadenses, norueguesas ou suecas a serem bombardeadas?
Nós não somos odiados porque praticamos a democracia, a liberdade e os direitos humanos.
Nós somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do terceiro mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas corporações multinacionais.[…]
Esse ódio que semeamos virou-se contra nós para nos assombrar na forma de terrorismo e, no futuro, terrorismo nuclear. Uma vez dita a verdade sobre o porquê da ameaça existir e ter sido entendida, a solução torna-se óbvia. […]
Em vez de continuar a matar milhares de crianças iraquianas todos os dias, com as nossas sanções econômicas, deveríamos ajudar os iraquianos a reconstruir suas estações elétricas, as suas estações de tratamento de água, os seus hospitais e todas as outras coisas que destruímos e que os impedimos de reconstruir com as nossas sanções econômicas.
Em vez de treinar terroristas e esquadrões da morte, deveríamos fechar a Escola das Américas. […]

 Resumindo, deveríamos ser bons em vez de maus.
Quem iria tentar deter-nos? Quem iria odiar-nos?
Quem iria querer nos bombardear?
Essa é a verdade, senhor presidente.
É isso que o povo americano precisa de ouvir.”
                                                                         
                                                                       -  Bernard Law, arcebispo de Boston. 


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